Na luteria, o processo de “afinar” o fundo e as laterais do violão não é como afinar as cordas. O que se busca é chegar em determinadas frequências de ressonância ao trabalhar a espessura (com lixa, formão, goiva ou plaina) para que o conjunto caixa harmônica + tampo tenha um comportamento acústico equilibrado.
Algumas referências usadas por luthiers (pode variar conforme tradição: Torres, Hauser, Romanillos etc.):
- Fundo → geralmente ajustado para soar um pouco mais grave que o tampo, em torno de 90–110 Hz (F#2 a A2).
- Laterais → funcionam mais como estrutura, não se busca uma nota exata, mas deve haver certa flexibilidade sem perder rigidez. Muitos luthiers deixam entre 2,0 a 2,2 mm (rosewood, maple) e 1,8 a 2,0 mm (madeiras mais densas).
- Tampo → é quem “manda na orquestra”. Costuma-se deixar sua ressonância fundamental (tap tone) entre G#2 a A#2 (103–116 Hz).
O objetivo é:
- Fundo ligeiramente abaixo do tampo em frequência → isso ajuda a criar interação acústica (coupling), ampliando projeção e sustain.
- Se o fundo ficar muito próximo ou muito acima do tampo → o violão pode soar “travado”, sem corpo.
- Se ficar muito abaixo → o som pode ficar “fofo”, sem definição.
👉 Em resumo:
- Tampo: ~G#2–A#2 (103–116 Hz)
- Fundo: ~F#2–A2 (92–110 Hz), ligeiramente abaixo do tampo
- Laterais: não têm nota-alvo, foco é espessura/elasticidade
⚠️ Importante: cada madeira tem densidade, rigidez e resposta diferente, então não é só buscar uma nota, mas sentir a vibração com o tap tuning (batendo com o dedo e ouvindo o “pong” da madeira).