afinar o fundo e as laterais do violão


Na luteria, o processo de “afinar” o fundo e as laterais do violão não é como afinar as cordas. O que se busca é chegar em determinadas frequências de ressonância ao trabalhar a espessura (com lixa, formão, goiva ou plaina) para que o conjunto caixa harmônica + tampo tenha um comportamento acústico equilibrado.

 Algumas referências usadas por luthiers (pode variar conforme tradição: Torres, Hauser, Romanillos etc.):

  • Fundo → geralmente ajustado para soar um pouco mais grave que o tampo, em torno de 90–110 Hz (F#2 a A2).
  • Laterais → funcionam mais como estrutura, não se busca uma nota exata, mas deve haver certa flexibilidade sem perder rigidez. Muitos luthiers deixam entre 2,0 a 2,2 mm (rosewood, maple) e 1,8 a 2,0 mm (madeiras mais densas).
  • Tampo → é quem “manda na orquestra”. Costuma-se deixar sua ressonância fundamental (tap tone) entre G#2 a A#2 (103–116 Hz).

O objetivo é:

  • Fundo ligeiramente abaixo do tampo em frequência → isso ajuda a criar interação acústica (coupling), ampliando projeção e sustain.
  • Se o fundo ficar muito próximo ou muito acima do tampo → o violão pode soar “travado”, sem corpo.
  • Se ficar muito abaixo → o som pode ficar “fofo”, sem definição.

👉 Em resumo:

  • Tampo: ~G#2–A#2 (103–116 Hz)
  • Fundo: ~F#2–A2 (92–110 Hz), ligeiramente abaixo do tampo
  • Laterais: não têm nota-alvo, foco é espessura/elasticidade

⚠️ Importante: cada madeira tem densidade, rigidez e resposta diferente, então não é só buscar uma nota, mas sentir a vibração com o tap tuning (batendo com o dedo e ouvindo o “pong” da madeira).

Comparação Sonora dos Leques Harmónicos

 

Luthier País Leque Harmónico Características Impacto Sonoro Estilo/Ritmo Musical Predominante
Antonio de Torres (1817–1892) 🇪🇸 Espanha 7 leques em abanico Estrutura simples, base da guitarra moderna. Som equilibrado e quente. Música clássica espanhola (flamenco leve, folclore ibérico, peças românticas).
José Ramírez III (1922–1995) 🇪🇸 Espanha 8 leques largos + travessas Barras fortes para grande projeção. Som potente, graves marcantes. Flamenco e guitarra de concerto em grandes salas.
Ignacio Fleta (1897–1977) 🇪🇸 Espanha (Barcelona) 9 leques reforçados Construção robusta. Som encorpado, sustentação longa. Música erudita/concerto (Segovia, música clássica europeia).
Daniel Friederich (1932–2020) 🇫🇷 França Leque assimétrico (9–11 ripas) Precisão e refinamento. Som lírico, equilibrado. Música clássica francesa e repertório europeu contemporâneo.
Hermann Hauser I (1882–1952) 🇩🇪 Alemanha 7 leques refinados + travessas Inspirado em Torres, mas mais claro. Som transparente e sofisticado. Música erudita centro-europeia (Bach, Weiss, clássicos do barroco e romântico).
Manuel Contreras (1926–1994) 🇪🇸 Espanha (Madrid) 8 leques + “dobro tampo” Inovação estrutural. Som brilhante e muito projetado. Música contemporânea e concertos modernos; repertório internacional.

O sistema Torres e o sistema Hauser é central no universo da lutheria

sistema Torres e o sistema Hauser é central no universo da lutheria de violões clássicos. Ambos marcaram épocas e ainda hoje inspiram construtores:

🎸 Sistema Antonio de Torres (séc. XIX)

  • Considerado o pai do violão moderno.

  • Estrutura interna baseada em sete leques harmónicos (bracing em leque) sob o tampo.

  • Sons: mais quentes, doces e cantáveis, com grande projeção natural.

  • Caracteriza-se por uma sonoridade mais romântica e intimista, ideal para repertório espanhol e romântico.

🎸 Sistema Hermann Hauser I (séc. XX)

  • Inspirou-se no modelo Torres, mas introduziu modificações:

    • Estrutura mais reforçada e rígida.

    • Uso de madeiras centro-europeias (como o abeto alemão).

    • Ajustes na espessura do tampo e na barra harmónica.

  • Sons: mais claros, definidos e equilibrados, com excelente separação de vozes.

  • Preferido por intérpretes de repertório mais técnico, como Segovia.

⚖️ Qual é o “melhor”?

  • Torres → se procura calor, riqueza de timbre e tradição espanhola.

  • Hauser → se valoriza clareza, articulação e equilíbrio em polifonias.

  • Muitos luthiers modernos fazem uma síntese: combinam a riqueza tonal do Torres com a precisão do Hauser.

👉 Em resumo: não há “melhor” absoluto, mas sim aquele que mais se adequa ao repertório e ao estilo do guitarrista.


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Acerto das Oitavas (Intonação) na Escala do Violão


1. Conferir a escala

  • A escala é a distância da pestana (nut) até o saddle (osso do cavalete).
  • Exemplo comum: 650 mm (violão clássico).
  • O 12º traste deve estar exatamente na metade da escala → 325 mm da pestana.

2. Testar a oitava

  • Afine a corda solta (ex.: Mi grave).
  • Compare a nota:
    • Corda solta
    • Corda pressionada no 12º traste
  • Ambas devem dar a mesma nota, com o 12º traste uma oitava acima.

3. Corrigir diferenças

  • Se a nota do 12º traste estiver:
    • Mais aguda → a corda está curta demais → alongar a escala → mover o ponto de apoio do saddle para trás.
    • Mais grave → a corda está longa demais → encurtar → mover o apoio do saddle para frente.

4. Compensação do cavalete

  • Na construção, o cavalete já é colado com leve compensação, pois ao pressionar a corda ela estica.
  • Valores típicos:
    • Cordas agudas (Mi e Si): +1 a +2 mm além da escala.
    • Cordas graves (Mi, Lá, Ré, Sol): +2 a +3 mm além da escala.
  • Por isso o saddle (osso) é colocado em ângulo.

5. Influência da pestana (nut)

  • Se a pestana estiver muito alta, as primeiras casas ficam desafinadas para cima.
  • O ajuste da pestana deve permitir que a corda quase encoste no 1º traste sem esforço excessivo.

Regra de Ouro do Luthier

  • Cordas soltas + 12º traste devem ser exatamente a mesma nota, só que uma oitava acima.
  • Todo o trabalho de compensação do saddle e ajuste da pestana é para que essa regra seja respeitada em todas as cordas.


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Acerto das oitavas na escala do violão

1. Definição da escala

  • A escala do violão é a distância entre a nut (pestana) e o cavalete (saddle).
  • Exemplo comum: 650 mm (violão clássico padrão Torres).
  • Essa medida define onde cada traste será colocado.
  • Fórmula:
    • Distância do traste até o nut =
    • Onde é a escala (ex.: 650 mm).
    • Assim, o 12º traste deve estar exatamente no meio da escala.

2. Instalação dos trastes

  • Os slots dos trastes são feitos com precisão matemática usando a fórmula da escala.
  • Se o posicionamento estiver errado por 0,5 mm, já compromete a afinação.
  • Por isso, usa-se régua de escala específica para marcar.

3. Posição do cavalete (saddle)

  • O cavalete não fica exatamente na medida da escala.
  • Ele precisa de uma compensação (setback), porque ao apertar a corda para tocar no traste ela esticará levemente e aumentará a tensão → ficando mais aguda.
  • Compensação típica:
    • Cordas graves (bordão Mi, Lá, Ré): +2 a +3 mm
    • Cordas agudas (Si, Mi): +1 a +2 mm
  • Por isso o saddle (osso do cavalete) é instalado em ângulo.

4. Ajuste fino da oitava

  • Depois de colocar cordas novas e afinar:
    1. Toca a corda solta (ex.: Mi).
    2. Afina no 12º traste.
    3. Se a nota no 12º traste estiver mais aguda → aumentar o comprimento da corda (mover saddle para trás).
    4. Se estiver mais grave → encurtar a corda (saddle mais para frente).

5. O papel da nut (pestana)

  • A altura da pestana também afeta a afinação nos primeiros trastes.
  • Se a pestana ficar alta demais, ao pressionar o 1º, 2º ou 3º traste a nota sobe demais (fica aguda).
  • Ajuste correto: corda deve ficar a 0,3–0,5 mm no 1º traste (dependendo da corda).

 Resumindo:

  • Escala correta → cálculo matemático dos trastes.
  • Cavalete com compensação → garante afinação da oitava.
  • Nut ajustado → garante afinação nos primeiros trastes.
  • Teste da 12ª casa → confirma se as oitavas estão batendo.




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Timbre e resposta sonora do violão


 Tabela – Controle do som pelo luthier

Elemento controlado O que o luthier faz Efeito no som/timbre
Espessura do tampo Afina raspando/ajustando diferentes áreas (mais fino nas bordas, mais grosso no centro). Mais fino → graves, resposta rápida, som aberto.
Mais grosso → agudos, som mais definido, porém menos volume.
Tipo e densidade da madeira do tampo Escolhe abeto, cedro, pinho, etc. Abeto → som brilhante, mais ataque.
Cedro → som quente, encorpado.
Pinho → equilíbrio entre brilho e corpo.
Leque harmônico (bracing) Define número, espessura, altura e posicionamento das barras. Leque rígido → timbre agudo, som mais projetado.
Leque flexível/aberto → timbre grave, som cheio e aveludado.
Caixa acústica (tamanho/volume) Define dimensões e formato (fundo, laterais, altura). Caixa grande → reforço nos graves.
Caixa pequena → mais médios e agudos, som focado.
Fundo e laterais Escolhe madeiras (jacarandá, mogno, maple, etc.) e espessura. Jacarandá → graves profundos, harmônicos ricos.
Mogno → médios fortes, calor.
Maple → som claro, definido, brilho.
Relação tampo x fundo (modos vibracionais) Ajusta para que não vibrem na mesma frequência. Evita “buracos” no som; garante equilíbrio entre graves, médios e agudos.
Boca e abertura da caixa Diâmetro da boca, presença de cutaway ou outras aberturas. Boca maior → mais projeção, menos compressão.
Boca menor → reforça médios, som mais concentrado.


  • O tampo + leque são o “coração” do som.
  • A caixa (volume) funciona como “pulmão” que dá fôlego.
  • O fundo e laterais moldam a cor do timbre.
  • O luthier ajusta cada um desses elementos para que o instrumento responda bem em todas as frequências, mesmo que a afinação final sempre dependa do músico (cordas + 440 Hz).



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Tampo de violão em fase de construção



Na foto vemos um tampo de violão em fase de construção com várias etiquetas que indicam os bom de barras harmônicas (braces) e reforços usados na luteria.
Essas peças de madeira são coladas no verso do tampo para dar resistência estrutural e também influenciar o timbre do instrumento.

Aqui vai a explicação de cada termo escrito no tampo:

  • PLATE BRACE → Barra de reforço na parte superior do tampo, próxima à junção com o braço.
  • STEEL STRING (Transverse Brace) → Barra transversal usada em violões de cordas de aço para suportar a maior tensão.
  • SOUND HOLE BRACE → Reforço ao redor da boca (abertura circular), para evitar rachaduras e deformações.
  • X BRACE → Sistema de barras em formato de “X”, muito usado em violões de aço (invenção de Martin). Dá projeção, volume e equilíbrio tonal.
  • PIN PLATE → Placa de reforço na região da ponte, onde ficam os pinos que seguram as cordas (nos violões de aço). Protege contra a força da tração.
  • FAN BRACES → “Leque harmônico” típico dos violões de nylon (clássicos), com várias varetas em leque para dar ressonância e riqueza nos médios.
  • SIDE FAN BRACE → Barra lateral do leque, que ajuda na distribuição da vibração e na resistência.
  • BACK TONE BRACE → Barra de reforço próxima ao fundo ou às laterais do tampo, para equilibrar vibração.

 diferentes partes do sistema de barras harmônicas. Cada tipo de brace serve para reforçar a estrutura do tampo contra a tensão das cordas e, ao mesmo tempo, moldar o timbre (graves, médios, agudos, volume, sustentação).

Ótimo! 👍
Aqui está uma tabela comparativa mostrando cada tipo de brace (barra harmônica) que aparece no tampo da foto e como ele influencia a resistência e o timbre do violão:


📊 Tabela – Função e Influência dos Braces no Violão

Brace (Barra) Função Estrutural 🪚 Influência no Som 🎶
Plate Brace Reforça a parte superior do tampo, perto do braço. Mantém estabilidade, evita deformação do tampo próximo ao braço. Pouca influência direta no timbre.
Steel String (Transverse Brace) Suporta a forte tensão das cordas de aço. Dá firmeza ao tampo, resultando em som mais definido e com ataque forte.
Sound Hole Brace Reforça a área ao redor da boca. Evita rachaduras e perda de energia vibracional. Mantém clareza dos médios.
X Brace Estrutura em forma de X, típica dos violões de aço. Dá projeção, volume e equilíbrio entre graves e agudos. Produz timbre potente e versátil.
Pin Plate Protege a região da ponte contra a tração das cordas. Mantém estabilidade da afinação e melhora a transferência de vibração das cordas para o tampo.
Fan Braces (Leque) Sistema em leque, típico dos violões clássicos/nylon. Favorece graves profundos e médios ricos, com maior ressonância e calor no som.
Side Fan Brace Extensão do leque, reforçando laterais. Aumenta a distribuição uniforme da vibração. Melhora resposta dos agudos sem perder graves.
Back Tone Brace Reforço próximo ao fundo ou laterais. Equilibra vibração do tampo, ajudando na definição de médios/agudos e sustentação.

👉 Em resumo:

  • X-Brace → som poderoso, brilhante e equilibrado (violões de aço).
  • Fan Braces → som quente, cheio de ressonância e médios expressivos (violões de nylon).
  • Outros braces → reforçam estrutura e ajudam a equilibrar o timbre, sem tanta influência direta.

 Tabela separando os braces mais usados em violão clássico (nylon) e os de violão folk (aço),

Ótimo! 👍
Aqui está uma tabela comparativa mostrando cada tipo de brace (barra harmônica) que aparece no tampo da foto e como ele influencia a resistência e o timbre do violão:


Tabela – Função e Influência dos Braces no Violão

Brace (Barra) Função Estrutural 🪚 Influência no Som 🎶
Plate Brace Reforça a parte superior do tampo, perto do braço. Mantém estabilidade, evita deformação do tampo próximo ao braço. Pouca influência direta no timbre.
Steel String (Transverse Brace) Suporta a forte tensão das cordas de aço. Dá firmeza ao tampo, resultando em som mais definido e com ataque forte.
Sound Hole Brace Reforça a área ao redor da boca. Evita rachaduras e perda de energia vibracional. Mantém clareza dos médios.
X Brace Estrutura em forma de X, típica dos violões de aço. Dá projeção, volume e equilíbrio entre graves e agudos. Produz timbre potente e versátil.
Pin Plate Protege a região da ponte contra a tração das cordas. Mantém estabilidade da afinação e melhora a transferência de vibração das cordas para o tampo.
Fan Braces (Leque) Sistema em leque, típico dos violões clássicos/nylon. Favorece graves profundos e médios ricos, com maior ressonância e calor no som.
Side Fan Brace Extensão do leque, reforçando laterais. Aumenta a distribuição uniforme da vibração. Melhora resposta dos agudos sem perder graves.
Back Tone Brace Reforço próximo ao fundo ou laterais. Equilibra vibração do tampo, ajudando na definição de médios/agudos e sustentação.

resumo

  • X-Brace → som poderoso, brilhante e equilibrado (violões de aço).
  • Fan Braces → som quente, cheio de ressonância e médios expressivos (violões de nylon).
  • Outros braces → reforçam estrutura e ajudam a equilibrar o timbre, sem tanta influência direta.





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Leque harmônico (fan bracing) no tampo do violão

Antônio de Torres Jurado (1817–1892), considerado o pai do violão moderno, foi o grande responsável por consolidar o leque harmônico (fan bracing) no tampo do violão. Antes dele, o instrumento tinha menor projeção e menos equilíbrio tonal.

Torres experimentou vários desenhos de leques harmônicos, mas três se destacam historicamente. Vou detalhar cada um, suas características acústicas e efeitos nos graves, médios e agudos, incluindo a questão de ressonância (Hz) e possíveis interferências:


1. Leque de 5 barras (primeiros modelos)

  • Estrutura: 5 barras em leque, abrindo a partir do bloco inferior do tampo.
  • Ressonância: mais alta (em torno de 110–120 Hz – próximo ao Lá2).
  • Timbre: bom brilho, mas pouco grave.
  • Graves: fracos, pouco sustentados.
  • Médios: muito presentes, mas às vezes duros.
  • Agudos: definidos, porém secos.
  • Interferências: tende a criar zonas de rigidez no tampo, resultando em “áreas mortas” (notas sem projeção uniforme).

2. Leque de 7 barras (o mais famoso de Torres)

  • Estrutura: 7 barras em leque, bem distribuídas, quase simétricas, abrindo em leque amplo até a borda inferior.
  • Ressonância: mais baixa (em torno de 95–100 Hz – próximo ao Sol2).
  • Timbre: equilíbrio geral entre graves, médios e agudos.
  • Graves: profundos, ressonantes e com corpo.
  • Médios: equilibrados, sustentados sem sobressair demais.
  • Agudos: claros, projetados, mas não metálicos.
  • Interferências: desenho reduz as áreas mortas, permitindo maior homogeneidade sonora. O leque de 7 deu ao violão a projeção e volume modernos.

3. Leque de 9 barras (variações posteriores de Torres e seus discípulos)

  • Estrutura: 9 barras em leque, algumas versões cruzadas.
  • Ressonância: ainda mais baixa (em torno de 85–90 Hz – próximo ao Fá♯2).
  • Timbre: muito rico em graves, grande projeção.
  • Graves: expansivos, encorpados, sustentados.
  • Médios: podem perder definição, soando “abafados” se mal ajustado.
  • Agudos: menos cristalinos, podendo soar opacos.
  • Interferências: excesso de barras aumenta massa no tampo, podendo “segurar” os agudos e criar ressonâncias secundárias que embaralham a clareza.

 Comparativo entre graves, médios e agudos nos leques de Torres

Leque Ressonância (Hz) Graves Médios Agudos Interferências
5 barras 110–120 Hz Fracos Muito presentes Claros, secos Áreas mortas frequentes
7 barras 95–100 Hz Equilibrados, cheios Naturais, sustentados Claros, balanceados Homogeneidade sonora
9 barras 85–90 Hz Muito fortes Podem soar abafados Menos brilhantes Risco de som “preso”

Resumo:

  • Torres preferia o leque de 7 barras, por oferecer o melhor equilíbrio entre projeção, clareza e riqueza de timbre.
  • Os leques de 5 barras ficaram com menos volume e projeção, enquanto os de 9 barras tendiam a exagerar nos graves e comprometer a transparência dos agudos.




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Interferências sonoras e os ajustes no leque harmônico

leque harmônico em leque tradicional de 7 barras:

  • Centro (entre a boca e o cavalete):

    • Ajustes para graves.
    • Se aliviado → mais corpo e profundidade.
    • Se rígido → graves ficam presos.
  • Laterais (barras mais externas, próximas às bordas):

    • Ajustes para médios.
    • Se equilibradas → médios claros e balanceados.
    • Se um lado for mais rígido → som “torto”, desequilibrado.
  • Transversais (barra superior e inferior):

    • Barra superior (perto da boca) → influência estrutural e leve nos médios.
    • Barra inferior (perto do cavalete) → agudos e projeção.
    • Se refinada → resposta rápida, brilho e clareza.
    • Se muito forte → abafa os agudos.

Tabela técnica – Leque harmônico e frequências

Faixa sonora Região do leque/tampo Ajuste típico Efeito no som
Graves Centro do leque (barras principais) Afinar levemente a espessura/altura das barras Graves mais profundos e cheios
Médios Barras laterais (próximas às bordas) Ajustar equilíbrio entre direita e esquerda Médios claros, som balanceado
Agudos Barra transversal inferior (perto do cavalete) Afinar extremidades das barras, aliviar rigidez local Brilho, ataque rápido, projeção
Estrutura Todas as barras (reforço geral) Manter rigidez mínima para evitar deformações Sustentação do tampo, estabilidade a longo prazo



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Ajustes do Leque Harmônico no Violão

Ajustes do Leque Harmônico no Violão

O leque harmônico é o sistema de barras de reforço colado na parte interna do tampo do violão.
Sua função é dupla: estrutural (dar resistência ao tampo) e acústica (controlar como o tampo vibra e como o som é projetado).

A afinação do leque é um dos pontos mais delicados da luteria. O luthier pode modificar a resposta do instrumento ajustando cuidadosamente a espessura e o formato dessas barras.


1. Controle dos Graves

  • Onde atuar:
    • Região central do leque (barras principais logo abaixo da boca do violão, estendendo-se até o cavalete).
  • O que fazer:
    • Afinar levemente (reduzir altura ou espessura) das barras centrais → permite maior movimento do tampo como um todo.
  • Efeito no som:
    • Graves mais profundos, corpo sonoro mais cheio.
  • Risco:
    • Se aliviar demais, o tampo perde sustentação e pode empenar.

2. Controle dos Médios

  • Onde atuar:
    • Barras laterais do leque, localizadas próximas às bordas do tampo.
  • O que fazer:
    • Ajustar o equilíbrio entre o lado direito e o esquerdo do leque.
    • Reduzir rigidez lateral → médios mais presentes e som mais equilibrado.
  • Efeito no som:
    • Clareza nos médios, boa definição entre graves e agudos.
  • Risco:
    • Se um lado ficar mais fraco, o violão ressoa “torto”, prejudicando o equilíbrio tonal.

3. Controle dos Agudos e Projeção

  • Onde atuar:
    • Barras transversais, especialmente a barra inferior próxima ao cavalete.
    • Região final das barras do leque (perto do fundo do tampo).
  • O que fazer:
    • Afinar pontas das barras transversais → libera vibração rápida.
    • Manter a região próxima ao cavalete firme, mas não excessivamente rígida.
  • Efeito no som:
    • Agudos mais brilhantes, ataque mais rápido, projeção maior.
  • Risco:
    • Se enfraquecer demais, o violão perde definição e “racha” nos agudos.

Resumo prático

  • Graves → mexer no centro do leque.
  • Médios → ajustar barras laterais.
  • Agudos/projeção → refinar barras transversais e extremidades.


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Tampo do violão para evitar “áreas mortas”


 Como evitar áreas mortas no tampo

1. Espessura correta do tampo

  • Se o tampo estiver grosso demais → o som fica preso, duro, com pouca resposta.
  • Se o tampo estiver fino demais → pode perder sustentação, soar fraco e ainda comprometer a resistência do violão.
  • Boa prática:
    • Deixar o tampo entre 2,0 e 2,5 mm (dependendo da madeira).
    • Madeiras como abeto podem ser um pouco mais finas, enquanto o cedro costuma ser deixado um pouco mais espesso.

2. Uniformidade e gradação

  • O tampo não deve ter a mesma espessura em toda a superfície.
  • Normalmente é um pouco mais espesso no centro (região do cavalete) e mais fino nas bordas, para vibrar livremente.
  • Cuidados:
    • Se afinar demais nas laterais → risco de rachaduras.
    • Se deixar muito rígido no centro → mata os graves e a projeção.

3. Leque harmônico bem projetado

  • O leque é responsável por distribuir a vibração.
  • Se muito rígido: mata vibração → som fechado, pouco volume.
  • Se muito fraco: som sem definição, perde sustentação.
  • Ajustes típicos:
    • Para mais graves: aliviar leque central e permitir vibração ampla.
    • Para médios equilibrados: ajustar barras laterais para não deixar um lado mais rígido que o outro.
    • Para mais agudos e projeção: refinar barras transversais próximas ao cavalete, deixando tampo “responder mais rápido”.

4. Testes de vibração (Chladni)

  • Aplicar pó fino e excitar o tampo ajuda a ver onde a madeira não vibra (área morta).
  • Se aparecer uma parte sem movimento:
    • Raspilhar ou afinar levemente na região vizinha para equilibrar.

5. Madeira estabilizada

  • A umidade é fundamental: madeira instável gera partes “travadas” porque ainda está trabalhando.
  • O ideal é trabalhar com 10–12% de umidade.

Resumo prático para evitar áreas mortas

  1. Espessura adequada (2,0–2,5 mm, ajustando à madeira).
  2. Gradação: centro mais forte, bordas mais leves.
  3. Leque harmônico ajustado (nem rígido demais, nem frouxo).
  4. Teste de Chladni para identificar vibração real.
  5. Madeira seca e bem curada.

Em termos de som:

  • Graves = dependem da espessura geral do tampo e da liberdade de vibração.
  • Médios = dependem do equilíbrio lateral do leque.
  • Agudos e projeção = ligados ao refino das barras e rigidez próxima ao cavalete.

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Modos vibracionais do tampo do violão em madeira Maciça


  1. O que cada modo vibracional influencia no som (graves, médios e agudos/timbre).

  1. O que o luthier pode alterar no tampo ou no leque harmônico para reforçar ou equilibrar cada faixa sonora.

  1. Criar imagens explicativas detalhadas, onde o aluno olha e já entende a ligação entre o padrão vibracional e o som final do violão.

Explicação detalhada por modo

Modo 1 (Fundamental, ~90–110 Hz)

  • Som: está diretamente ligado à resposta dos graves do violão.
  • Se fraco ou torto: o violão perde profundidade e corpo nos graves.
  • Ajustes do luthier:
    • Afinar a espessura geral do tampo (desbaste leve, uniforme).
    • Trabalhar simetria no leque para que a vibração se distribua igualmente.

Modo 2 (~150–180 Hz)

  • Som: influencia os médios e o equilíbrio entre graves e agudos.
  • Se desequilibrado: um lado do tampo ressoa mais que o outro → som “torto”, sem clareza.
  • Ajustes do luthier:
    • Alterar as barras laterais do leque harmônico.
    • Corrigir rigidez excessiva em um lado com raspilha ou plaina.

Modo 5 (~200–230 Hz)

  • Som: relacionado à clareza, brilho, ataque e projeção dos agudos.
  • Se mal definido: o violão soa “abafado”, com pouca projeção.
  • Ajustes do luthier:
    • Trabalhar as barras transversais (normalmente a inferior, perto do cavalete).
    • Ajustar detalhes do leque central → permite vibração mais livre para altas frequências.

Em resumo:

  • Modo 1 = Graves / corpo → afinar espessura geral do tampo.
  • Modo 2 = Médios / equilíbrio → ajustar barras laterais do leque.
  • Modo 5 = Agudos / projeção → refinar barras transversais e região central do leque.


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Padrões de vibração mais comuns

 Padrões de vibração mais comuns que aparecem no tampo de violão durante o teste de Chladni.
Esses modos ajudam a entender como a madeira está respondendo.


 Padrões principais no tampo de violão (Chladni)

🔹 Modo 1 – Fundamental (cerca de 90–110 Hz)

  • O tampo vibra como uma “bacia” inteira.
  • O pó se acumula formando uma linha diagonal de um canto ao outro.
  • Mostra a primeira resposta global do tampo.
   \ 
    \     (linha diagonal de pó)
     \

🔹 Modo 2 – Segunda forma (cerca de 150–180 Hz)

  • O tampo se divide em duas áreas que vibram opostas.
  • O pó se acumula em duas linhas diagonais, cruzando como um "X".
  • Indica equilíbrio entre os lados do tampo.
   \ /
    X
   / \

🔹 Modo 5 – Principal (cerca de 200–230 Hz)

  • É o mais importante para violões clássicos.
  • O pó se acumula em um desenho parecido com uma elipse ou duas “asas de borboleta”.
  • Esse modo está diretamente ligado à projeção e clareza do som.
  (   )   (   )
   \         /
    \_______/

Como interpretar

  • Modo 1 claro → bom movimento global do tampo.
  • Modo 2 equilibrado → resposta simétrica entre os lados.
  • Modo 5 bem definido → tampo com potencial de projeção e riqueza de harmônicos.

Se as figuras aparecem “tortas” ou fracas, o luthier pode ajustar o leque harmônico ou a espessura local até melhorar.


Esse teste não substitui o ouvido do luthier, mas ajuda a “enxergar o som” antes do violão ser fechado.



 



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Riverson Vale 

Teste de modos vibracionais do tampo harmônico

Também chamado de teste de Chladni (ou padrões de Chladni).

Como funciona:

  • O luthier coloca pó fino (pode ser pó de grafite, areia fina ou até pó de café bem seco) sobre o tampo.
  • Em seguida aplica uma fonte de vibração (pode ser um gerador de frequência, um alto-falante ou até esfregar o tampo com um arco de violino).
  • A vibração faz o pó se deslocar e se acumular em linhas e formas geométricas, que são os nós vibracionais.
  • Essas figuras mostram como o tampo está vibrando em determinadas frequências, revelando se a distribuição de rigidez e espessura está equilibrada.

O que isso significa para o violão:

  • O tampo é o “coração” do violão, é ele que transforma a vibração das cordas em som.
  • Esse teste ajuda o luthier a verificar se o tampo está respondendo bem, se não há áreas “mortas” (sem ressonância) e se a vibração está uniforme.
  • Com base nisso, o luthier pode decidir afinar o tampo: desbastar certas áreas, ajustar a espessura ou modificar o leque harmônico (as barras de reforço).

Cuidados importantes:

  1. Espessura: não retirar madeira em excesso, senão o tampo perde resistência estrutural.
  2. Simetria: manter equilíbrio entre os dois lados do tampo para que a vibração não fique desbalanceada.
  3. Umidade: o teste deve ser feito em madeira estabilizada (10–12% de umidade), senão o resultado pode enganar.
  4. Tipo de pó: usar pó bem seco e fino, que se mova facilmente.
  5. Interpretação: não é só a forma das figuras que importa, mas também a frequência em que aparecem e a intensidade da resposta.

Resumindo: esse teste serve para “enxergar o som” do tampo antes do violão ser fechado. É um processo delicado de afinação acústica, onde cada raspada de formão ou plaina pode mudar o resultado final.


Perfeito 🙌 Vou te passar um guia prático passo a passo de como aplicar o teste de Chladni (afinação acústica do tampo do violão).


🔧 Passo a passo – Teste de Chladni no tampo de violão

1. Preparação do tampo

  • O tampo já deve estar colado nas barras harmônicas (leque, travessas, etc.).
  • A madeira precisa estar estabilizada com umidade controlada (10–12%).
  • A espessura deve estar próxima do final, mas ainda permitindo pequenos ajustes.

2. Pó para o teste

  • Use pó bem fino e leve:
    • Pó de grafite,
    • Serragem bem peneirada,
    • Areia de quartzo muito fina,
    • Farinha de pedra-pomes,
    • Até pó de café bem seco funciona.

Coloque uma camada bem fina e uniforme sobre o tampo.


3. Fonte de vibração

  • Opção tradicional: usar um arco de violino e friccionar a borda do tampo.
  • Opção moderna: usar um gerador de frequência + alto-falante.
    • O alto-falante deve encostar ou estar bem próximo do tampo.
    • A frequência é variada lentamente até o pó começar a se mover.

4. Observação dos padrões

  • O pó vai se acumular em linhas e formas (nós vibracionais).
  • Esses desenhos mostram como a vibração está distribuída.
  • O ideal é que os padrões sejam claros, bem definidos e equilibrados entre os lados.

5. Ajustes finos

  • Se o padrão mostrar uma área “travada” ou pouco vibrante:
    • Retire um pouco de material (com plaina, raspilha ou formão) na região correspondente.
  • Se o tampo vibrar demais e perder definição:
    • Significa que ficou muito fino → pode comprometer a estrutura. Nesse caso, não dá para remover mais.

⚠️ Ajuste sempre com muito cuidado e em pequenas quantidades. Cada décimo de milímetro faz diferença.


6. Frequências típicas

  • Em violões clássicos, costuma-se procurar modos bem definidos entre 80 Hz e 250 Hz.
  • O mais importante não é o valor exato, mas sim a clareza e equilíbrio dos padrões.

📌 Dicas finais

  • Trabalhe em um ambiente sem correntes de ar (senão o pó se espalha).
  • Repita o teste a cada ajuste → é um processo iterativo.
  • Não existe um único “desenho ideal”, cada luthier desenvolve sua forma de interpretar os modos.
  • O objetivo final é ter um tampo leve, responsivo e equilibrado, que responda bem em toda a faixa de frequências.

 Afinação do tampo ou voicing. É o que diferencia um violão artesanal de um violão industrial, porque cada instrumento é “ajustado para cantar”.




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Riverson Vale 

GIANINI AWN 61



Marca: Giannini (Made in Brazil)

Modelo: AWN 61

Número de série: (difícil de ler totalmente na imagem, mas parece ter a data 3 / 1977 gravada, o que indica março de 1977).


📜 Período e ano de fabricação

Este violão é de março de 1977, portanto produzido no período em que a Giannini fabricava a série AWN (Acoustic Western Nylon), voltada a violões clássicos com acabamento mais refinado que os modelos de estudo simples.

🛠️ Características construtivas (AWN 61 - anos 70)

Na época, o modelo AWN 61 costumava ter:

Tampo: cedro canadense maciço (boa projeção e calor no timbre).

Fundo e laterais: jacarandá laminado (geralmente Jacarandá da Bahia ou imbuia, dependendo da disponibilidade).

Escala: jacarandá ou pau-ferro.

Braço: cedro brasileiro.

Verniz: poliuretano ou nitrocelulose (dependendo do lote, mas em 1977 era mais comum poliuretano fino).

Roseta: mosaico artesanal colado sob o verniz, típico da Giannini da época.


🎯 Relevância

Representa um período de boa qualidade da Giannini, antes da queda de controle de qualidade no fim dos anos 80.

Madeira de lei (especialmente o jacarandá) hoje é rara e protegida, aumentando o valor histórico e colecionável.

Construção manual/semiartesanal, com colagem e ajustes ainda feitos por luthiers na fábrica de São Paulo.


📈 Valor histórico e de mercado

Histórico: Bom para colecionadores de instrumentos nacionais clássicos e para quem busca timbre vintage.

Mercado: Depende do estado de conservação, mas um AWN 61 de 1977 original pode valer de R$ 200 a R$ 1.500 no mercado nacional, e mais para colecionadores fora do Brasil.


Ficha técnica original – Catálogo Giannini 1976/77

> Baseada nos registros de fábrica e catálogos da época.



1. Modelo: AWN 61 (Acoustic Western Nylon – série intermediária-alta)
2. Fabricação: Março de 1977, São Paulo – Brasil.
3. Formato: Clássico (violão de cordas de náilon).
4. Escala: 650 mm.

🪵 Materiais originais

Parte Madeira Observações

Tampo Cedro canadense maciço Boa ressonância, som quente e médio presente.
Fundo Jacarandá laminado (Bahia ou imbuia) Lâmina grossa, colada sobre compensado de madeira de lei.
Laterais Jacarandá laminado Mesmo padrão do fundo.
Braço Cedro brasileiro Estável, leve e fácil de trabalhar.
Escala Jacarandá da Bahia Denso, resistente ao desgaste.
Ponte Jacarandá da Bahia Com cavidade para os nós das cordas.
Trastes Alpaca Resistência e durabilidade.



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🔍 Construção e acabamento

Encordoamento original: Náilon Giannini série clássica.

Roseta: mosaico geométrico colado e envernizado.

Tróculo/Braço: junção colada com encaixe tipo espiga (tenon).

Leque harmônico: padrão fan bracing com 5 a 7 barras, comum nos modelos clássicos da marca.

Verniz: poliuretano fino (proteção contra umidade, sem matar muito a vibração).



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🎯 Relevância no período

1970–1979 foi o auge da qualidade da Giannini para a linha intermediária: bom controle de seleção de madeira, colagens precisas e timbre encorpado.

Uso de madeiras nobres brasileiras (jacarandá, cedro, imbuia), hoje de uso restrito.

A série AWN era voltada a músicos sérios e estudantes avançados.



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Di Giorgio e Giannini as linhas de vilões.


Di Giorgio – Modelos Clássicos e Atuais

Com mais de 116 anos de história, a Di Giorgio mistura tradição artesanal com inovação sonora . Seguem alguns modelos notáveis:

Signorina 1973 – Peça vintage rara, parte do acervo da família, símbolo da luteria artesanal dos anos 1970 .

Clássico nº 28 – Modelo emblemático, produzido até os anos 1990, muito valorizado por timbre e construção .

Clássico 38e2 (eletroacústico) – Tampo de spruce canadense, camada de zebrano, captação com equalizador de 5 bandas e afinador digital .

Romeo – Inspirado nos violões artesanais criados por Romeo Di Giorgio no início do século XX, com acabamento acetinado refinado .

Tarrega, Author 3, Master, Talent, e versões eletroacústicas (como Tarrega-E, Author 3-E) — fazem parte da linha atual da marca .

Violões Vintage – Uma categoria com instrumentos raros revisados e certificados pela própria fáb

Giannini – Linha Histórica e Atual

Fundada em 1900, a Giannini possui uma rica trajetória na fabricação nacional de instrumentos, com produção acelerada durante seu crescimento nos anos iniciais . Eis alguns destaques:

A marca mantém catálogos históricos disponíveis desde 1954, o que permite rastrear modelos ao longo das décadas .

Linhas mais recentes incluem:

Série Start (modelos N-14, S-14, N-6, NR, com versões acústicas e eletroacústicas em várias cores) .

Séries Performance (como GNF-1D CEQ, GSF-1D CEQ, GDC-1 CEQ, entre outros) de perfil intermediário a avançado .


Modelos populares amplamente vendidos no varejo atualmente: N-14N, NF-14, SF-14 flat, Travel, GNA-111, GF-1D, GS-15, GDC-1 CEQ e GF-1D CEQ .

Artigos especializados destacam também:

Guias com os “melhores violões Giannini para iniciantes”;

Listas como o “TOP 14 Melhores Violões Giannini” e comparativos entre modelos .




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Resumo Visual (por marca)

Marca Modelos Históricos / Vintage Modelos Atuais Populares

Di Giorgio Signorina 1973, Clássico nº 28 Clássico 38e2, Romeo, Tarrega, Author 3, Master, Talent (+E)
Giannini Modelos desde 1954 disponíveis em catálogos antigos Start (N-14, S-14, etc.), Performance (GNF, GSF, GDC), outros



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Todos os modelos de violão produzidos pela Di Giorgio e pela Giannini, incluindo os anos de produção.


Di Giorgio – Modelos e Períodos de Produção

  • Modelos antigos (décadas de 1940–1950): Signorina 16, Estudante 18, Série Artística (c. 1942), Série Fora de Série (c. 1983) .
  • Anos 1960: Clássico 28, Autor 3, Tarrega, Amazonia 30, Conservatório 2, Romeu 3 (c. 1969) .
  • Anos 1970: Vibrante 1972, Tarrega de boca oval, Master .
  • Modelos clássicos disponíveis atualmente (novos): Tarrega (acústico), Tarrega E (eletroacústico), Romeo, Author 3, Author 3E, Master, Talent 3 .

Giannini – Modelos e Evolução Histórica

  • Origem e primeiras décadas: Fundada em 1900, criou sua primeira fábrica de violões acústicos e, nos anos 1940–50, começou a fabricar violões elétricos e exportá-los .

  • Anos 1960: Lançou ícones como o Tremendão (guitarra/elétrico) e em 1969, a Craviola, fruto da colaboração com o violonista Paulinho Nogueira — um modelo exclusivo e patenteado .

  • Décadas posteriores: Nos anos 60–70, destacou-se com linhas como Gemini, Supersonic, Apollo. Nos anos 1990, chegou a produzir réplicas Fender Southern Cross. Mais recentemente, lançou séries como Start, reedições de Craviola, linha Stage, Performance Pro, Craviola Baby, Violão Travel e Viola Ponteio (2000–2020) .

  • Modelos populares atuais incluem os Start N14, GWNX15, GSF-1, GNF-1, entre outros. Na categoria mais acessível: Estudo S-14, Start N-14N, GS-15, NF-14 (cutaway), GF1D CEQ, GSF, NLS Cedro CEQ, entre outros .

Tabela Resumo (Modelos & Épocas)

Marca Modelo / Linha Período / Detalhe
Di Giorgio Signorina 16, Estudante 18, Série Artística Décadas de 1940–50
Clássico 28, Autor 3, Tarrega, Amazonia 30 Décadas de 1960–70
Tarrega (acústico), Tarrega E, Romeo, Author 3 etc. Modelos atuais
Giannini Violões acústicos iniciais 1900–1950
Tremendão, Craviola, Gemini, Supersonic etc. Décadas de 60–70
Réplicas Fender Southern Cross Anos 90
Start, Stage, Performance Pro, Craviola Baby, Travel, Ponteio 2000–2020
Modelos populares como Start N-14, GWNX15, GSF-1 etc.

Atualidade
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Lista completa de todos os modelos de violão produzidos pela Di Giorgio e pela Giannini, incluindo os anos de produção



Di Giorgio – Modelos e Períodos de Produção

  • Modelos antigos (décadas de 1940–1950): Signorina 16, Estudante 18, Série Artística (c. 1942), Série Fora de Série (c. 1983) .
  • Anos 1960: Clássico 28, Autor 3, Tarrega, Amazonia 30, Conservatório 2, Romeu 3 (c. 1969) .
  • Anos 1970: Vibrante 1972, Tarrega de boca oval, Master .
  • Modelos clássicos disponíveis atualmente (novos): Tarrega (acústico), Tarrega E (eletroacústico), Romeo, Author 3, Author 3E, Master, Talent 3 .

Giannini – Modelos e Evolução Histórica

  • Origem e primeiras décadas: Fundada em 1900, criou sua primeira fábrica de violões acústicos e, nos anos 1940–50, começou a fabricar violões elétricos e exportá-los .

  • Anos 1960: Lançou ícones como o Tremendão (guitarra/elétrico) e em 1969, a Craviola, fruto da colaboração com o violonista Paulinho Nogueira — um modelo exclusivo e patenteado .

  • Décadas posteriores: Nos anos 60–70, destacou-se com linhas como Gemini, Supersonic, Apollo. Nos anos 1990, chegou a produzir réplicas Fender Southern Cross. Mais recentemente, lançou séries como Start, reedições de Craviola, linha Stage, Performance Pro, Craviola Baby, Violão Travel e Viola Ponteio (2000–2020) .

  • Modelos populares atuais incluem os Start N14, GWNX15, GSF-1, GNF-1, entre outros. Na categoria mais acessível: Estudo S-14, Start N-14N, GS-15, NF-14 (cutaway), GF1D CEQ, GSF, NLS Cedro CEQ, entre outros .

Tabela Resumo (Modelos & Épocas)

Marca Modelo / Linha Período / Detalhe
Di Giorgio Signorina 16, Estudante 18, Série Artística Décadas de 1940–50
Clássico 28, Autor 3, Tarrega, Amazonia 30 Décadas de 1960–70
Tarrega (acústico), Tarrega E, Romeo, Author 3 etc. Modelos atuais
Giannini Violões acústicos iniciais 1900–1950
Tremendão, Craviola, Gemini, Supersonic etc. Décadas de 60–70
Réplicas Fender Southern Cross Anos 90
Start, Stage, Performance Pro, Craviola Baby, Travel, Ponteio 2000–2020
Modelos populares como Start N-14, GWNX15, GSF-1 etc. Atualidade
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Riverson Vale 

Década a década, para você ter um guia de coleção de violões Di Giorgio e Giannini



🎸 Coleção Histórica – Di Giorgio & Giannini

1950 – Início da produção industrial no Brasil

Di Giorgio

  • Modelo nº 16 e nº 18 (São Paulo) – Cedro, jacarandá da Bahia, tampo pinho europeu | Raridade: Alta
  • Pré-série Tarrega – Etiqueta artesanal, braço sem tensor, acabamento à mão | Raridade: Altíssima

Giannini

  • Série Estudo 1 e 2 – Produção inicial, madeiras nacionais maciças | Raridade: Altíssima
  • Série Especial com etiqueta “São Paulo” – Pouquíssimos sobreviventes | Raridade: Alta

1960 – Era dourada do jacarandá brasileiro

Di Giorgio

  • Tarrega nº 1 (anos 60) – Jacarandá da Bahia, pinho europeu | Raridade: Alta
  • Clássico nº 28 – Excelente timbre, referência em custo/benefício vintage
  • Concertista nº 36 – Tampo pinho europeu, fundo/laterais jacarandá | Raridade: Alta

Giannini

  • Série AWN 20, 30 e 50 (anos 60) – Jacarandá e tampo pinho europeu | Raridade: Alta
  • Giannini Craviola protótipo (1969) – Design exclusivo, poucos feitos | Raridade: Altíssima

1970 – Expansão e exportação

Di Giorgio

  • Hauser – Cópia inspirada em Hermann Hauser, construção refinada
  • José – Homenagem ao mestre espanhol José Ramírez | Raridade: Alta
  • Tarrega nº 3 (edição especial) – Produção limitada

Giannini

  • Craviola exportação – Muito procurada nos EUA e Japão
  • Série Ouro (anos 70) – Jacarandá da Bahia e tampo pinho europeu
  • Concert Master – Modelo para músicos eruditos

1980 – Últimos anos do jacarandá legalizado

Di Giorgio

  • Tarrega nº 3 (anos 80) – Já com algumas peças em pau-ferro
  • Clássico nº 28 e nº 36 – Ainda com alta qualidade

Giannini

  • AWN 60, 80 e 100 – Madeiras nobres, construção artesanal
  • Série Ouro final – Últimas com jacarandá legítimo

1990–2000 – Transição de madeiras

Di Giorgio

  • Modelos de edição comemorativa – Usam pau-ferro e mogno
  • Tarrega nº 3 (pau-ferro) – Mais acessível, mas sonoridade muito boa

Giannini

  • Craviola 12 cordas – Ícone pop brasileiro
  • Modelos Concert – Produção menor, voltada para músicos de concerto

📌 Resumo da coleção ideal:

  • 1950: Di Giorgio nº 16 / Giannini Estudo
  • 1960: Di Giorgio Tarrega / Giannini AWN 30
  • 1970: Di Giorgio Hauser / Giannini Craviola exportação
  • 1980: Di Giorgio Tarrega nº 3 / Giannini AWN 100
  • 1990: Di Giorgio Comemorativo / Giannini Concert Master
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Riverson Vale 

Di Giorgio e Giannini modelos icônicos

Para montar uma coleção de violões Di Giorgio e Giannini que seja histórica e valorizada, vale a pena escolher modelos que marcaram época, sejam raros ou representem fases diferentes das fábricas.
A ideia é ter um conjunto que conte a evolução da luteria brasileira.


🎯 1. Di Giorgio – modelos icônicos para coleção

Esses são modelos que todo colecionador procura:

  • Di Giorgio Tarrega – Clássico dos anos 60 e 70, tampo em pinho europeu, fundo/laterais em jacarandá brasileiro.
  • Di Giorgio Concertista nº 36 – Modelo topo de linha por décadas, usado por músicos eruditos.
  • Di Giorgio Autor nº 3 – Raro, feito sob encomenda para concertistas.
  • Di Giorgio Hauser – Cópia inspirada nos violões Hauser, produção limitada.
  • Di Giorgio Clássico nº 28 (anos 60/70) – Excelente sonoridade e construção tradicional.
  • Di Giorgio José – Edição especial em homenagem a José Ramírez, hoje difícil de encontrar.
  • Modelos de transição (pré-1960) – Etiquetas antigas “São Paulo” e braço sem tensor metálico, muito buscados por colecionadores.

🎯 2. Giannini – modelos históricos para coleção

A Giannini tem várias fases, e vale selecionar peças de cada época:

  • Giannini Série Ouro (anos 70/80) – Madeira nobre, acabamento refinado.
  • Giannini AWN 20, 30 e 50 – Clássicos com pinho europeu e jacarandá.
  • Giannini Série Especial João Bosco – Produção limitada, assinada.
  • Giannini Concert Master – Voltado para músicos eruditos.
  • Giannini Craviola (acústica) – Design exclusivo brasileiro, patenteado.
  • Giannini de Jacarandá dos anos 60 – Tampo em pinho europeu, fundo/laterais em jacarandá da Bahia.
  • Giannini Série Estudo (anos 50) – Muito raros, representam o início da produção nacional.

📌 Dicas para montar a coleção

  • Buscar instrumentos originais (sem reformas invasivas).
  • Anos 50–70 são os mais valorizados para ambas as marcas.
  • Prefira madeiras maciças (pinho europeu, cedro canadense, jacarandá brasileiro).
  • Guarde junto a documentação, notas fiscais e cases originais.
  • Um bom colecionador costuma ter 1 modelo representando cada década.
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Riverson filho 

Escala do violão influenciam diretamente a sonoridade

A escala do violão (a peça de madeira onde ficam os trastes, normalmente de ébano, jacarandá ou pau-ferro) e o seu comprimento influenciam diretamente a sonoridade, tocabilidade e até a durabilidade da afinação do instrumento.


Os dois aspectos principais: dimensões e material.


1. Comprimento da Escala (tamanho da escala)

O comprimento de escala é a distância entre a pestana e o rastilho. No violão clássico, costuma variar entre 640 mm e 660 mm, mas existem escalas curtas (630 mm) e longas (até 670 mm).

Comprimento de escala Efeito na tensão das cordas Efeito na sonoridade
Mais longa (ex.: 660 mm) Maior tensão para a mesma afinação Som mais projetado, ataque mais definido, graves firmes e agudos brilhantes
Mais curta (ex.: 630 mm) Menor tensão para a mesma afinação Som mais aveludado, menos volume, mas mais conforto para digitar

Explicação técnica:

  • Escalas longas aumentam a tensão → a vibração é mais firme → favorece projeção e sustain.
  • Escalas curtas reduzem a tensão → as cordas “cedem” mais → som mais doce, mas com menor alcance de volume.

2. Material da Escala

A madeira da escala influencia a transmissão de vibração e o ataque.

Madeira Dureza / Densidade Influência no som
Ébano Muito duro e denso Som mais claro e definido, ataque rápido, excelente para articulação precisa
Jacarandá Médio/duro, oleoso Som mais quente e encorpado, ataque mais suave
Pau-ferro Duro, mas mais leve que o ébano Som equilibrado, com bom sustain e clareza intermediária

Observação: a escala não vibra tanto quanto o tampo, mas seu material afeta a rigidez e o modo como o braço transmite as vibrações para o corpo.


3. Largura e Espessura da Escala

  • Mais larga (ex.: 52 mm no violão clássico) → mais espaço para digitação, mas exige mais força.
  • Mais estreita (ex.: 48 mm) → mais conforto para mãos menores, porém pode comprometer técnica clássica.
  • Espessura: influencia a estabilidade do braço. Uma escala mais espessa aumenta rigidez e estabilidade de afinação.

4. Conexão com a Sonoridade

A escala não é o principal elemento sonoro (o tampo e o leque harmônico são), mas:

  • A rigidez que ela confere ao braço afeta a forma como as cordas vibram.
  • Escala muito mole ou mal colada → perda de sustain e instabilidade na afinação.
  • Material e acabamento influenciam ataque, clareza e articulação.


Comprimento da Escala Madeira da Escala Largura na Pestana Influência na Sonoridade Influência na Tocabilidade Uso mais Indicado



Influência da Escala do Violão na Sonoridade e Tocabilidade

Comprimento da Escala Madeira da Escala Largura na Pestana Influência na Sonoridade Influência na Tocabilidade Uso mais Indicado
660 mm (longa) Ébano 52 mm (larga) Som brilhante, ataque definido, graves firmes, grande projeção Mais espaço para digitação, exige mais força Violão clássico de concerto, música erudita
660 mm (longa) Jacarandá 48 mm (estreita) Som quente com bom volume, menos ataque que o ébano Mais confortável para mãos menores Violão acústico híbrido, fingerstyle moderno
650 mm (média) Pau-ferro 50 mm (média) Som equilibrado, bom sustain, clareza moderada Boa combinação de conforto e precisão Violão clássico versátil e popular
640 mm (curta) Ébano 52 mm (larga) Som doce e claro, menos volume, mas excelente articulação Mais conforto com precisão de ataque Estudo e gravações de estúdio
630 mm (curta) Jacarandá 48 mm (estreita) Som aveludado, calor nos médios, menor projeção Muito confortável, especialmente para mãos pequenas Repertório intimista, MPB, bossa nova

Observações Técnicas Riverson Vale

  • Comprimento maior = mais tensão nas cordas, som mais projetado e definido.
  • Madeiras duras e densas (como ébano) favorecem ataque e clareza.
  • Madeiras mais oleosas (como jacarandá) suavizam o som, trazendo calor e corpo.
  • Largura da pestana afeta diretamente conforto e precisão técnica.


Principais leques harmônicos

Quadro técnico com os principais leques harmônicos consagrados na construção de violões acústicos pelos luthiers mais influentes do mundo, com:
  • Nome do modelo / Luthier
  • Projeto e disposição das barras
  • Características de som
  • Vantagens
  • Desvantagens
  • Motivo do desenvolvimento

📊 Tabela dos Leques Harmônicos Mais Usados no Mundo

Modelo / Luthier Disposição Características Sonoras Vantagens Desvantagens Motivo do Desenvolvimento
Antonio de Torres (Espanha, séc. XIX) 7 barras em leque, longas e finas, partindo da barra harmônica inferior até a base Som quente, graves encorpados, médios suaves e agudos doces Excelente projeção e equilíbrio tonal; favorece repertório clássico Menor rigidez estrutural, pode deformar com tensão alta Criar violões mais leves e ressonantes, destacando graves e volume
Hauser I (Alemanha, anos 1930) 7 barras em leque mais próximas e levemente arqueadas Som equilibrado, resposta rápida, definição nos agudos Clareza nas notas, projeção uniforme Menos calor nos graves em comparação ao Torres Inspirado no Torres, mas com reforço estrutural e foco em clareza
Bouchet (França, anos 1950) 5 barras em leque + barra transversal abaixo da boca Som brilhante, agudos definidos, ataque rápido Ótima resposta para técnicas rápidas e articulação Graves menos cheios; timbre mais seco Dar mais rigidez ao tampo para controle de vibração e estabilidade
Fleta (Espanha, anos 1960) 9 barras finas em leque + barras laterais reforçadas Som muito potente, graves profundos e sustain longo Grande volume, sustain prolongado Mais peso no tampo, menor resposta imediata Atender músicos de concerto com grande projeção em salas grandes
Smallman (Austrália, anos 1990) Estrutura em grade (lattice) com fibra de carbono Som extremamente potente, alcance dinâmico enorme Volume e projeção incomparáveis Timbre menos “tradicional”, construção complexa Criar violões que competissem em volume com outros instrumentos em palco
Rodríguez (Espanha) 7 barras em leque largas e espaçadas + reforço perimetral Som caloroso e cheio, graves aveludados Timbre tradicional espanhol muito marcante Menos adequado para repertório moderno ou amplificação Manter o som tradicional flamenco e clássico espanhol

🎯 Observações sobre o “sol” do instrumento

O comportamento do som (o que você chamou de “Sol”) em cada leque está relacionado à forma como a energia das cordas é distribuída pelo tampo:

  • Leques mais abertos → espalham energia, soam mais quentes e graves.
  • Leques mais fechados ou rígidos → concentram energia, soam mais claros e brilhantes.
  • Barras mais finas → mais ressonância e vibração.
  • Barras mais grossas → mais controle e estabilidade, mas menos “vida” no som.


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Leque harmônicos

Principais modelos de leques harmônicos usados pelos grandes luthiers do mundo e como cada um influencia timbre, ressonância e comportamento sonoro do violão.


1️⃣ Leque Torres Tradicional (Antonio de Torres, Espanha, séc. XIX)

  • Formato: 7 a 9 travessas finas em leque, partindo do centro inferior do tampo em direção às laterais.
  • Características sonoras:
    • Graves profundos, médios equilibrados, agudos claros.
    • Excelente uniformidade de resposta em toda a escala.
    • Bom sustain natural.
  • Uso: Violões clássicos de referência, flamencos mais suaves.
  • Curiosidade: Torres reduziu a espessura do tampo para aumentar vibração e volume.

2️⃣ Fan Bracing Modificado

  • Formato: Igual ao Torres, mas com ajustes no ângulo e altura das travessas.
  • Características sonoras:
    • Mais volume e projeção que o Torres puro.
    • Agudos mais destacados.
  • Uso: Violões clássicos modernos e flamencos com mais ataque.

3️⃣ Hauser Bracing (Hermann Hauser I, Alemanha, séc. XX)

  • Formato: Baseado no Torres, mas com travessas mais espessas e barras de reforço laterais.
  • Características sonoras:
    • Som muito equilibrado, com ataque limpo e articulação refinada.
    • Ótimo para gravação de música erudita.
  • Uso: Violões clássicos de concerto.

4️⃣ Bouchet Bracing (Robert Bouchet, França, 1950s)

  • Formato: Fan bracing com barra transversal próxima ao cavalete, formando um “H” no centro.
  • Características sonoras:
    • Sustentação maior e graves mais firmes.
    • Agudos cristalinos.
  • Uso: Violões clássicos de alta projeção para salas de concerto.

5️⃣ Fleta Bracing (Ignacio Fleta, Espanha, 1950s)

  • Formato: Travessas mais grossas e reforços mais rígidos, barra inferior larga.
  • Características sonoras:
    • Graves poderosos, médios ricos, projeção impressionante.
    • Som mais “pesado” e robusto.
  • Uso: Violões clássicos para repertórios intensos.
  • Observação: Tampo mais grosso que Torres/Hauser para suportar tensão.

6️⃣ Lattice Bracing (Greg Smallman, Austrália, 1980s)

  • Formato: Grade de ripas finas em forma de colmeia (lattice), às vezes reforçada com carbono.
  • Características sonoras:
    • Volume muito alto, sustain longo.
    • Som focado e uniforme em toda a escala.
  • Uso: Violões clássicos modernos de concerto.
  • Nota: Muito leve, mas exige tampo super fino (até 1,5 mm).

7️⃣ Double Top Bracing

  • Formato: Tampo com duas camadas de madeira fina separadas por um núcleo de Nomex (material leve e rígido), combinado com leque ou lattice.
  • Características sonoras:
    • Som potente e responsivo.
    • Graves encorpados e agudos brilhantes.
  • Uso: Violões clássicos e de concerto contemporâneos.

8️⃣ X-Bracing (Martin, EUA, séc. XIX)

  • Formato: Duas travessas principais cruzadas em “X” abaixo da boca, reforçadas com travessas secundárias.
  • Características sonoras:
    • Estrutura robusta, aguenta cordas de aço.
    • Graves fortes e ataque definido.
  • Uso: Violões folk, acústicos de aço, dreadnoughts.

9️⃣ V-Class Bracing (Taylor Guitars, EUA, 2018)

  • Formato: Duas travessas principais em “V” que saem do centro para as extremidades, com reforços laterais.
  • Características sonoras:
    • Mais sustain e afinação mais estável em toda a escala.
    • Graves e agudos mais equilibrados.
  • Uso: Violões folk e acústicos modernos.

📌 Comparativo rápido de timbre por tipo de leque

Leque Harmônico Graves Médios Agudos Sustain Volume Uso típico
Torres Trad. 9/10 9/10 9/10 8/10 8/10 Clássico, flamenco suave
Hauser 9/10 9/10 9/10 9/10 8/10 Clássico de concerto
Bouchet 8/10 9/10 10/10 9/10 8/10 Clássico refinado
Fleta 10/10 9/10 9/10 9/10 9/10 Clássico poderoso
Lattice 9/10 9/10 9/10 10/10 10/10 Clássico moderno
Double Top 10/10 9/10 10/10 10/10 10/10 Clássico top de linha
X-Bracing 10/10 8/10 8/10 8/10 10/10 Folk, aço
V-Class 9/10 9/10 9/10 10/10 9/10 Folk moderno


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Araucária do Paraná

Tanto o tampo quanto os leques harmônicos em Araucária-do-Paraná (Araucaria angustifolia), ele cria um instrumento com uma personalidade acústica bastante distinta, e alguns cuidados técnicos se tornam ainda mais importantes.

Características sonoras, modelos mais indicados e tipos de leques ideais para essa madeira.


1️⃣ Características acústicas com tampo + leque em Araucária

🔊 Sonoridade

  • Timbre geral: Quente e suave, com médios claros e boa articulação.
  • Graves: Limpos, definidos, mas com menos “profundidade” e pressão que num fundo/estrutura de jacarandá ou spruce.
  • Médios: Ponto forte — bem presentes e agradáveis, sem agressividade.
  • Agudos: Aveludados, com brilho moderado (menos metálico que no spruce).
  • Projeção: Boa em salas pequenas e médias, mas menos explosiva para palcos grandes.
  • Sustain: Médio — a araucária dissipa a energia das cordas mais rápido que abetos de alta rigidez, mas mantém naturalidade.

🎵 Ressonância

  • A vibração é mais homogênea pelo fato de tampo e leque serem do mesmo material, o que dá uniformidade tonal.
  • Como o leque também é em araucária (madeira mais macia que spruce europeu), a estrutura tende a ser mais flexível, exigindo atenção na espessura para não comprometer durabilidade e estabilidade.

2️⃣ Modelos de violão mais indicados com essa combinação

Modelo Por que funciona com Araucária no tampo + leque
Violão Clássico Combinação gera sonoridade suave, ideal para música de câmara, solo intimista e gravação.
Violão Flamenco Resposta rápida e ataque seco; com afinação fina da espessura, entrega percussão e articulação boas.
Viola Caipira Clareza nas notas e harmonia rica, especialmente para afinações abertas.
Violão Parlor / 00 Casamento perfeito com o timbre natural da araucária, pois valoriza médios e calor sonoro.

⚠️ Menos indicado para:

  • Violão Folk dreadnought (cordas de aço e alto volume exigem maior rigidez estrutural).
  • Violões Jumbo e Auditorium de palco, onde é necessária alta projeção e potência.

3️⃣ Leques harmônicos mais indicados para araucária

  1. Leque Torres Tradicional (7 ou 9 travessas)

    • Distribui vibração uniformemente e favorece equilíbrio tonal.
    • Ajustar travessas para serem um pouco mais altas que no spruce, compensando a menor rigidez da araucária.
  2. Leque Torres Modificado

    • Travessas mais finas nas laterais e mais altas no centro para melhorar projeção sem sacrificar graves.
    • Boa opção para violão clássico ou flamenco.
  3. Leque em “Lattice” de madeira (não o de carbono)

    • Com espessura ajustada, pode dar mais volume e sustain mantendo leveza.
    • Indicado se o objetivo for compensar a perda de projeção natural da araucária.
  4. Fan Bracing + Barra Transversal

    • Útil para viola caipira, pois aumenta estabilidade sob tensão maior de cordas.

💡 Resumo técnico

  • Vantagem: Timbre uniforme, doce e equilibrado.
  • Desafio: Conseguir rigidez suficiente sem perder leveza.
  • Solução: Ajustar espessura das travessas e escolher modelo de leque que maximize sustentação, especialmente no centro do tampo.


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Araucária no tampo do violão

A Araucária-do-Paraná (Araucaria angustifolia) é uma madeira pouco usada como tampo em violões de alto padrão, mas ela tem propriedades interessantes que, com tratamento e construção correta, podem gerar um resultado muito característico. espessuras, timbre, sustain, brilho, cuidados e diferenças entre tipos de violão para uso dessa madeira.


1️⃣ Características físicas e acústicas da Araucária

  • Densidade: 0,42 a 0,50 g/cm³ (semelhante a alguns abetos, mas com fibras menos uniformes).
  • Elasticidade: Boa, mas menor módulo de rigidez que o abeto europeu — vibra mais facilmente, mas com menos retorno rápido.
  • Velocidade de propagação do som (cL): Média-alta para coníferas, o que dá médios presentes e graves suaves.
  • Cor e estética: Amarelada clara, com veios sutis. Envelhece com tom dourado.

2️⃣ Espessura ideal como tampo

Para evitar som "morto" ou falta de sustentação:

  • Violão Clássico: 2,3 – 2,5 mm no centro, afinando para 2,1 – 2,2 mm nas bordas.
  • Flamenco: 2,0 – 2,2 mm no centro, bordas até 1,9 mm (resposta mais rápida).
  • Folk/Acústico: 2,4 – 2,6 mm (pressão das cordas de aço exige mais rigidez).
  • Viola Caipira: 2,3 – 2,5 mm, reforços localizados sob cavalete.
  • Elétrico com caixa (semi-acústico): Pode variar de 2,5 a 3,0 mm para evitar microfonia excessiva e manter resistência mecânica.

3️⃣ Timbre e resposta tonal

  • Graves: Suaves, menos encorpados que no cedro ou jacarandá, mas muito limpos e sem excesso de reverberação.
  • Médios: São o ponto forte — articulados e claros, ideais para projeção de melodias.
  • Agudos: Presentes, mas com menos brilho metálico; soam mais “aveludados” que em spruce.
  • Sustain: Médio — a madeira dissipa energia mais rápido que spruce de alta densidade, mas mais lentamente que madeiras muito leves como balsa.
  • Brilho: Médio-baixo, mais quente que o spruce e mais macio que o cedro.

4️⃣ Diferenças por tipo de violão

Tipo de Instrumento Comportamento da Araucária Ajustes recomendados
Clássico Timbre suave, resposta doce, boa para música de câmara. Leque Torres modificado para compensar sustain médio.
Flamenco Ótima velocidade de resposta, som seco, articulação boa para golpes. Afinar mais o tampo, reduzir massa do cavalete.
Acústico/Folk Graves limpos, médios articulados, mas menos volume que spruce. Leque em X reforçado, espessura maior para cordas de aço.
Elétrico Mais estética e controle de ressonância que ganho acústico. Usar como tampo sólido ou laminado para evitar microfonia.
Viola Caipira Boa definição de notas, menos “recheio” nos graves. Reforçar sob cavalete, manter espessura próxima de 2,4 mm.

5️⃣ Cuidados na construção

  • Seleção da madeira: Escolher peças de corte radial (quarter-sawn) para maior estabilidade e melhor transmissão sonora.
  • Secagem: Mínimo de 3 anos em ambiente controlado, pois a araucária é sensível à variação de umidade.
  • Proteção: Acabamento fino (como goma-laca) para não abafar vibração, mas selar bem para evitar absorção de umidade.
  • Leque harmônico: Usar travessas mais finas e bem posicionadas para compensar menor rigidez.
  • Corte e colagem: Evitar prensagem excessiva, pois as fibras são mais macias e podem deformar sob pressão.

💡 Resumo acústico da Araucária no tampo:

  • Som quente e equilibrado, ótimo para música tradicional, violões intimistas e gravação em estúdio.
  • Não é a madeira mais indicada para palco com alta projeção, mas com leque adequado e bom acoplamento, entrega um timbre muito musical.


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Combinação de madeiras, leque e timbre

  1. Especificação das madeiras cedro-vermelho no braço, caixa de ressonância com fundo e laterais de imbuia, tampo em caixeta/marupá, escala e cavalete em ipê — direcionada a um nível profissional de luteria.

1️⃣ Tabela comparativa internacional – combinação de madeiras, leque e timbre

Tampo (Top) Fundo/Laterais Braço Escala/Cavalete Leque Harmônico Espessura do Tampo Características Sonoras
Abeto Alemão Jacarandá Indiano Cedro Ébano Torres Trad. 2,2 – 2,5 mm Agudos claros, graves profundos, médios equilibrados, grande sustain
Cedro Canadense Mogno Africano Cedro Ébano Lattice 2,0 – 2,3 mm Som quente, resposta rápida, médios destacados
Abeto Europeu Maple Mogno Ébano Torres Mod. 2,2 – 2,4 mm Som brilhante, ataque rápido, graves controlados
Cedro Canadense Jacarandá Brasileiro Cedro Ébano Torres Trad. 2,0 – 2,3 mm Graves encorpados, agudos doces, médios suaves
Abeto Sitka Pau-ferro Mogno Pau-ferro Fan + barra transversal 2,3 – 2,5 mm Som balanceado, boa projeção, sustain médio-alto

2️⃣ Especificação técnica profissional – Projeto solicitado

Projeto: Violão Clássico Profissional – Riverson Vale – Série Especial

Parte Madeira Seleção Técnica Tratamento e Secagem Função Acústica e Influência no Timbre
Braço Cedro-vermelho (Cedrela odorata) Corte radial, livre de nós e fibras cruzadas Secagem natural 5+ anos, estabilidade garantida Leve, estável, contribui para resposta rápida e equilíbrio tonal
Tampo Caixeta (Simarouba amara) ou Marupá (Simarouba versicolor) Top 5% densidade uniforme, anéis regulares Secagem controlada, teor de umidade 8–10% Alta resposta nos médios, timbre suave, ataque moderado
Fundo/Laterais Imbuia (Ocotea porosa) Peças pareadas, densidade média Secagem em estufa + climatização Graves profundos e aveludados, projeção encorpada
Escala Ipê (Handroanthus spp.) Corte tangencial, alta densidade Secagem natural longa Agudos definidos, estabilidade e resistência ao desgaste
Cavalete Ipê Corte de alta dureza, baixo coef. de amortecimento Secagem natural Transmissão eficiente da vibração, sustain reforçado
Leque Harmônico Torres modificado Travessas de abeto europeu Escalonamento de espessura milimétrica Equilíbrio entre projeção e clareza
Espessura Tampo 2,2 – 2,4 mm Afinado manual por zona vibrante Teste de tap-tone e flexibilidade Vibração controlada, sem neutralização de harmônicos
Acabamento Goma-laca (French Polish) Aplicação em 10–15 demãos Filme ultrafino, mínima interferência sonora Mantém a resposta natural e a estética premium

💡 Resumo acústico do projeto:

  • Graves: Profundos, aveludados, sustentados pela imbuia.
  • Médios: Suaves e equilibrados pela caixeta/marupá.
  • Agudos: Nítidos e duradouros graças à escala e cavalete em ipê.
  • Sustain: Alto, por conta do acoplamento eficiente do cavalete e da densidade das madeiras de apoio.
  • Projeção: Ampla, com boa dispersão, ideal para concertos.

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Coração acústico do violão


A caixa de ressonância é o “coração acústico” do violão. É nela que o som ganha corpo, projeção e personalidade. Luthiers consagrados no mundo inteiro seguem alguns princípios-chave:

1. Madeira

  • Tampo (parte superior): Geralmente abeto (spruce) ou cedro.
    • Spruce: som mais brilhante, ataque rápido e clareza nos agudos.
    • Cedro: som mais quente, resposta imediata, realça médios e graves.
  • Fundo e laterais: Rosewood, mogno ou maple.
    • Rosewood: graves profundos e médios ricos.
    • Mogno: médios encorpados e graves controlados.
    • Maple: som claro e articulado.

2. Volume e dimensões

  • O tamanho e a profundidade da caixa influenciam diretamente a projeção e a resposta de graves.
  • Caixas maiores → mais graves e ressonância.
  • Caixas menores → som mais focado e rápido.

3. Leque harmônico (bracing)

  • Sistema de travessas coladas sob o tampo que controla rigidez e vibração.
  • O leque de Antônio Torres (o mais famoso) distribui as vibrações uniformemente, resultando em som equilibrado e sustain natural.
  • Modificações no formato e espessura das travessas mudam totalmente o timbre.

4. Espessura da madeira

  • Tampo muito espesso → som “morto”, pouca projeção.
  • Tampo muito fino → excesso de vibração, som distorcido e pouca durabilidade.
  • Luthiers experientes afinam a espessura à mão e ao ouvido, buscando o ponto em que a madeira vibra livre, mas ainda resiste à tensão das cordas.

5. Timbre e faixas de frequência

  • Agudos: Madeira leve no tampo, rigidez moderada no leque harmônico → notas claras e definidas.
  • Médios: Controlados pela combinação de tampo + fundo. Mogno e cedro realçam médios agradáveis.
  • Graves: Fundo e laterais densos (rosewood, jacarandá) reforçam profundidade e calor.

6. Sustain

  • Depende da rigidez do tampo e do bom acoplamento entre as peças.
  • Leque bem planejado mantém a energia das cordas por mais tempo.

Resumo


Uma caixa de ressonância de alto nível tem madeira selecionada, espessura calibrada com precisão, leque harmônico projetado para equilíbrio tonal e construção que favorece tanto projeção quanto nuance. 

Cada detalhe — desde o corte da madeira até o polimento final — influencia o resultado.


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Espessura do tampo

Mapa visual de espessura para um tampo de spruce:




Vermelho mais claro = bordas mais finas (~2,3 mm) para liberar graves.

Tons mais escuros = centro mais espesso (~2,75 mm) para manter projeção e estrutura.

Faixa intermediária = “entre barras” (~2,6 mm) para manter equilíbrio tonal.




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