Leque harmônico (fan bracing) no tampo do violão

Antônio de Torres Jurado (1817–1892), considerado o pai do violão moderno, foi o grande responsável por consolidar o leque harmônico (fan bracing) no tampo do violão. Antes dele, o instrumento tinha menor projeção e menos equilíbrio tonal.

Torres experimentou vários desenhos de leques harmônicos, mas três se destacam historicamente. Vou detalhar cada um, suas características acústicas e efeitos nos graves, médios e agudos, incluindo a questão de ressonância (Hz) e possíveis interferências:


1. Leque de 5 barras (primeiros modelos)

  • Estrutura: 5 barras em leque, abrindo a partir do bloco inferior do tampo.
  • Ressonância: mais alta (em torno de 110–120 Hz – próximo ao Lá2).
  • Timbre: bom brilho, mas pouco grave.
  • Graves: fracos, pouco sustentados.
  • Médios: muito presentes, mas às vezes duros.
  • Agudos: definidos, porém secos.
  • Interferências: tende a criar zonas de rigidez no tampo, resultando em “áreas mortas” (notas sem projeção uniforme).

2. Leque de 7 barras (o mais famoso de Torres)

  • Estrutura: 7 barras em leque, bem distribuídas, quase simétricas, abrindo em leque amplo até a borda inferior.
  • Ressonância: mais baixa (em torno de 95–100 Hz – próximo ao Sol2).
  • Timbre: equilíbrio geral entre graves, médios e agudos.
  • Graves: profundos, ressonantes e com corpo.
  • Médios: equilibrados, sustentados sem sobressair demais.
  • Agudos: claros, projetados, mas não metálicos.
  • Interferências: desenho reduz as áreas mortas, permitindo maior homogeneidade sonora. O leque de 7 deu ao violão a projeção e volume modernos.

3. Leque de 9 barras (variações posteriores de Torres e seus discípulos)

  • Estrutura: 9 barras em leque, algumas versões cruzadas.
  • Ressonância: ainda mais baixa (em torno de 85–90 Hz – próximo ao Fá♯2).
  • Timbre: muito rico em graves, grande projeção.
  • Graves: expansivos, encorpados, sustentados.
  • Médios: podem perder definição, soando “abafados” se mal ajustado.
  • Agudos: menos cristalinos, podendo soar opacos.
  • Interferências: excesso de barras aumenta massa no tampo, podendo “segurar” os agudos e criar ressonâncias secundárias que embaralham a clareza.

 Comparativo entre graves, médios e agudos nos leques de Torres

Leque Ressonância (Hz) Graves Médios Agudos Interferências
5 barras 110–120 Hz Fracos Muito presentes Claros, secos Áreas mortas frequentes
7 barras 95–100 Hz Equilibrados, cheios Naturais, sustentados Claros, balanceados Homogeneidade sonora
9 barras 85–90 Hz Muito fortes Podem soar abafados Menos brilhantes Risco de som “preso”

Resumo:

  • Torres preferia o leque de 7 barras, por oferecer o melhor equilíbrio entre projeção, clareza e riqueza de timbre.
  • Os leques de 5 barras ficaram com menos volume e projeção, enquanto os de 9 barras tendiam a exagerar nos graves e comprometer a transparência dos agudos.




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Riverson Vale 

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