Violão Torres tem “graves profundos, médios equilibrados e agudos claros”, estamos a falar de características timbres e acústicas ligadas à construção do instrumento.
1. Graves profundos
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Tecnicamente:
Os graves (cordas mais grossas – 6ª, 5ª e 4ª) soam com corpo e sustentação devido à maior caixa de ressonância e ao leque harmónico de sete varetas criado por Torres.
O tampo vibra mais livremente nas frequências baixas, permitindo que as notas tenham mais presença e calor. -
Exemplo na luthieria:
Uso de tampo em abeto europeu combinado com fundo e ilhargas em jacarandá para reforçar resposta grave, pois o jacarandá tem excelente reflexão sonora e prolonga o sustain.
2. Médios equilibrados
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Tecnicamente:
A faixa média (principalmente 4ª e 3ª cordas) não se sobrepõe nem aos graves nem aos agudos, mantendo clareza e definição.
Isso é conseguido pela espessura ideal do tampo (geralmente entre 2 e 2,5 mm) e pela distribuição simétrica das varetas no leque harmónico. -
Exemplo na luthieria:
Escolher cedro vermelho canadiano para o tampo pode reforçar médios, já que este material tende a “empurrar” frequências médias para a frente, criando um som quente mas equilibrado.
3. Agudos claros
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Tecnicamente:
As cordas finas (1ª e 2ª) soam com nitidez e articulação, sem soarem “ásperas”.
Isso é possível porque o formato do corpo de Torres e a posição da ponte maximizam a resposta rápida nas frequências altas, evitando perda de brilho. -
Exemplo na luthieria:
Uso de osso natural no rastilho e pestana, que transmite vibração de forma eficiente e preserva harmónicos agudos.
Na prática:
Um violão Torres bem construído vai soar como se tivesse um “tapete” de graves quentes na base, médios definidos no centro e agudos cintilantes no topo, sem que nenhuma faixa de frequência “engula” a outra. É por isso que é tão amado por intérpretes de música clássica.
Riverson Vale
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